background
Caminho do Ouro

Estrada Real - Caminho do Ouro ou Caminho Velho

De Ouro Preto (MG) a paraty (RJ)
741km em 10 dias
Caminho do Ouro

Dia 1 - 2 de maio 2018

De Ouro Preto e Eng Correa (60 km). Dia duro com mais de 1500 de elevação. Já de cara 6,5km de subida com algumas inclinações de mais de 20%. Pelo que vi, uma das mais duras do roteiro e o ponto mais alto de todo o Caminho com 1450 de altitude. Infelizmente por uma bobeira minha o gps não gravou este começo. Evitei passar sozinho num single track que segundo relatos recentes está intransitável por conta de árvores caidas difíceis de transpor. A pedalada foi tensa pq meu ônibus atrasou 1h30 e isso me fez sair de OP só as 10h20 pois tive que tomar café, despachar o malabike pra Paraty e carimbar o passaporte. O medo era não consegui chegar aqui ainda de dia ou ter que parar antes, furando meu planejamento. Mas consegui chegar aqui 16h15, com media de 12km/h. Graças ao bom Deus, tudo correu bem. Agora descansar pq hoje foi trash e amanhã serão 85km com 1300 de elevação.

Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 2 - 3 de maio 2018

Eng. Correa a Entre Rios de Minas (87km). Dia menos pesado apesar de impressionantes 1995m de altimetria. Mesmo assim o cansaço foi bem menor que ontem. Seguramente 500m de subida foram para alcançar o morro da basílica de Congonhas. Mas valeu a pena: muito lindo ver as esculturas dos 12 profetas feitas pelo mestre Aleijadinho. Na sequência, muitas subidas e descidas duas impossíveis de subir sem empurrar. Hoje deu pra almoçar o que faz toda a diferença no pedal. Cheguei 15h30 na pousada, satisfeito com o rendimento do dia. Graças ao Bom Deus, mais uma etapa vencida. Agora "só" faltam 8 rsrs.



Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 3 - 4 de maio 2018

De Entre Rios de Minas a Prados (84km). Dia burocrático cheio de subidas e descidas e sem atrativos históricos. Hoje foi bastante cansativo. Pelo Strava foram 2272m de elevação. Muito a mais do que estava previsto na trilha do wickiloc que utilizo pra navegação. Eu errei o caminho duas vezes o que me custou 3km a mais e pior com subidas dolorosas que eu não precisava ter subido e uns 15min de tempo a mais. Amanhã e domingo são dias mais leves pra dar um descanso pois segunda será o dia mais pesado: 97km!.

Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 4 - 5 de maio de 2018

Prados a São Sebastião da Vitória (64km). Se o dia foi chato e sofrido ontem, hoje foi o contrårio. A primeira parte foi de poucas subidas e longos trechos de calçamento "pé de moleque" e tb estradão, passando pelo bucólico povoado de Bichinho, uma espécie de vila meio bicho-grilo com casas típicas e abarrotado de lojas de artesanato em madeira, ferro e barro. Uma graça (as mulheres ficam doidas)! Depois mais 7km até a bela Tiradentes, uma cidade histórica muito parecida com Paraty. Depois mais 7km até São João del Rey, uma cidade grande e agitada e um tanto feia. Lá comprei dois squeezes pois esqueci os meus (que já estavam um bagaço) na pousada em Prados. Depois disso começou outro pedal, de MTB na veia - trecho entre S. João e Rio das Mortes! Foram 8km de trilhas e single treks, isoladas e super técnicas, descidas e subidas onde só bike e cavalo passam no meio de matas e pastos, cruzando um brejo e três rios, foi animal! Depois segue-se por estradão passando dentro de uma fazenda onde a sinalização é precária e, por um momento me senti perdido. Depois mais uma subidão e estradão até o asfalto que chega a São Sebastião da Vitória, um povoado ao redor da rodovia que não tem quase nada e a única pousada é bem precária.

Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 5 - 6 de maio de 2018

De São Sebastião da Vitória a Carrancas (55km). Hoje foi o dia mais curto do Caminho. Trecho bem tranquilo com subidas leves e curtas e muitos mata-burros-ciclistas que me obrigavam a parar e passar andando a pé. Destaque para a travessia da represa da Camargo Correia de barquinho a motor pois as balsas estão interditadas pela Marinha. Dei muita "sorte" pois estava preocupado com essa travessia. Mas Deus preparou um barqueiro que tinha acabado de deixar um parente e me deu carona para o outro lado. Oração respondida!
No km 44 começou uma das piores serras do Caminho. Até o km 48 foi quase uma hora girando bem devagar e contemplando o colosso de pedra cortado por varias nascentes de água cujo barulho gostoso vai aliviando o esforço. Numa delas foi irresistível não parar, tomar um banho de gato, beber aquela água purissima e encher a garrafinha. La no alto, as fotos, uma comemoração solitária e ai só descer até Carrancas, lugar que quero voltar um dia para conhecer os complexo de cachoeiras da Zilda que parece ser lindíssimo. (P.S.: já voltei com minha esposa em julho de 2019 e, apesar do frio que não deixou a gente entrar na água, deu pra conhecer várias cachoeiras. Um lugar fantástico para que ama a natureza... pena - ou não! - que é tão isolado e longe de SP).

Veja a trilha no Strava »

Travessia da represa da Camargo Correa, saindo de Caquende para Capela do Saco.
(não tem áudio)


Caminho do Ouro

Dia 6 - 7 de maio 2018

De Carrancas a Cruzilia (68km). Um dia relativamente fácil com subidas curtas e algumas poucas longas e mais inclinadas. Ponto alto de hoje foi a passagem pela fazenda Traituba, da Familia Junqueira, criadora da raça Mangalarga Marchador. A fazenda foi construída em 1827 especialmente para receber D. Pedro I que nunca veio... A fazenda é inabitada e parece um pouco abandonada. Dizem por aqui que há poucos anos foi adquirida pelo filho do Lula (ouvi isso de mais de uma pessoa tanto em Carrancas como aqui em Cruzilia)... vai saber... A região tem muitos haras da raça brasileira de cavalo reconhecida como o melhor cavalo de sela do mundo. Em Cruzilia tem o Museu Nacional da Raça Mangalarga Marchador, mas hoje, segunda-feira, estava fechado.

Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 7 - 8 de maio 2018.

De Cruzilia a Pouso Alto (76km). Pedal tranquilo sem subidas fortes até Caxumbú onde enchi as garrafinhas com uma água com gosto bem estranho mas com propriedades medicinais. Para chegar na cidade desci uma super pirambeira deliciosa, passando antes por Baependi onde há o santuariario da beata Nhá Chica que parece ter muita devoção nesta região (o carimbo no passaporte se faz lá). Depois segui para a bela São Lourenço estrada cheia de cascalho nos primeiros kms que judiou um pouco do traseiro kkk. Mas antes de chegar foi preciso vencer uma subida de doer. A cidade é a mais moderna e desenvolvida no Caminho até agora, com predios, lojas e muitos atrativos turísticos com o Trem das Águas, o Parque das Águas e teleférico. Gostei e pretendo voltar um dia pra conhecer melhor (Carrancas é outra desta lista por conta de suas cachoeiras). De S. Lourenço até Pouso Alto foram apenas 16km tranquilos fugindo da chuva (cheguei a pegar um bom chuvisqueiro) com o premio final: uma subida incrivel pra fechar o dia!

Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 8 - 9 de maio 2018.

De Pouso Alto a Vila do Embaú (Cachoeira Paulista) (98km). Hoje foi um dia de grandes contrastes, tantos que na minha mente parece que foram uns 3 dias kkk. Sai com 12 graus cheguei com 28. Passei das paisagens montanhosas e cheias de pastos de MG para a exuberante mata Atlântica e o planalto limpo do Vale do Paraiba. Comecei em MG e terminei em SP. Passei por subidas e descidas normais e outras bem duras e super técnicas, como downhill da serra da mantiqueira, com direito a passar no tunel da Estrada de Ferro Rio Minas, inaugurado em 1884, com a presença de Dom Pedro II e da família real, com 994 metros de extensão bem na divisa MG-SP. Pedalei por asfalto e estradas horriveis cheias de pedras soltas e buracos. Passei por cidades lindas e arrumadas como Passa Quatro e povoados pobres e decadentes. E pra completar cometi três erros de trajetos que me custaram uns 12km a mais na conta final (alguém sabe como ativar o aviso sonoro para navegação do wikiloc?) . Mesmo assim cheguei inteirão e bem disposto. Alias, a Estrada Real já me levou 3kg que espero não achar nunca mais kkk. Amanhã é subir a serra para Cunha - penúltimo dia!! Huhuu!

Veja a trilha no Strava »

Travessia do Túnel da Mantiqueira (divisa MG/SP)


Caminho do Ouro

Dia 9 - 10 de maio 2018.

De Embaú a Cunha (88km). Dia muito produtivo pois até Guaratinguetá (38km) consegui incríveis 21km/h de média graças ao relevo praticamente plano. A porca começou a torcer o rabo a partir do km 44, qdo iniciou a serra: 10km subindo sem parar. Depois mais 15km de asfalto com uma subida longa. E o restante de terra mas com subidas "normais" fora uma que foi de doer: asfaltada em plena roça com 2km e uma inclinação de no minimo 20%: subi bufando e fazendo zig-zag até no topo. Sem falar no morro dentro de Cunha que precisei vencer pra chegar no centro kkk. Mas cheguei aqui cedo: pontualmente 14h03. Hoje o ponto alto foram as belas vistas do alto da serra que as fotos não conseguem reproduzir o que os olhos vêem! E amanhã quero almoçar em Paraty! Sonho quase realizado!!!

Veja a trilha no Strava »
Caminho do Ouro

Dia 10 - 11 de maio 2018.

De Cunha a Paraty (57km). E pontualmente as 11h de hoje cruzei o portal de entrada de Paraty. Parei, tirei fotos e liguei pra minha esposa Simone. Chorei, me emocionei por compartilhar com ela a realização deste sonho. Como dizia Raul Seixas: "Sonho que se sonha só / É só um sonho que se sonha só / Mas sonho que se sonha junto é realidade". Foi, sem dúvida, o dia mais duro, mais bonito e mais gostoso do Caminho. Depois de duríssimos 34km de subidas com poucas e rápidas descidas e retas, vem o prêmio: na exata divisa entre SP e RJ começam 26km de uma deliciosa descida da serra até Paraty, um prêmio final para o viajante. Mas, se a subida é dura, ela nos recompensa com belos visuais e lindas cachoeiras.

No balanço final foram 739,7 km, 56 horas pedaladas em 10 dias e 15.167m de altimetria acumulada. Louvo a Deus por concluir esta aventura sem qualquer susto muito menos acidente, nenhum defeito mecânico e nem pneus furados, sem pegar chuva e me sentindo muito bem de saúde e pleno em todos os momentos! Obrigado a todos que apoiaram mandando aquele incentivo; aos meus familiares e irmãos na fé que oraram por mim e especialmente à minha esposa Simone que sempre me apoiou e segurou as pontas na minha ausência. Aooo Estrada Real, agora vc tá conquistada!

Veja a trilha no Strava »